“O que estamos a gastar é tempo de vida, porque quando compramos algo não o compramos com dinheiro, pagamos com o tempo de vida que tivemos de gastar para ter esse dinheiro”. Eu queria que essa frase do ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica causasse o mesmo impacto em ti, do que foi em mim - praticamente um tapa na cara.
De tempos em tempos eu a revisito, porque no meio de tanto “corre”, passa batido o fato de eu estar sempre com pressa, sempre atrasada e, finalmente, sempre cansada. E nesse fluxo louco, eu esqueço do quanto a gente se esforça pra ganhar dinheiro para então usar no tempo que NÃO TEM para aproveitar verdadeiramente a vida.
Fazer as coisas com calma, dormir oito horas, ter momentos de diversão com a família e amigos. Estamos numa eterna corrida para chegar no final de semana e então vivermos isso. E quando a gente vê, torceu tanto para a sexta-feira e mais uma semana passou e então já está na hora de pular as sete ondinhas e fazer mais planos que não vamos cumprir, porque, pasme, não teremos tempo. Ou disposição.
Por aqui o que fica pra trás são a leitura de um livro por mês, a rotina disciplinada de exercícios, os estudos de inglês, a atenção de qualidade à família e aos amigos. Até aí tudo bem. Porque, como diria Marina Colasanti, a gente se acostuma para poupar a vida que aos poucos se gasta e, que gasta, de tanto acostumar.
O problema é quando no meio de tudo isso a gente é obrigada a parar. E quando a gente é obrigada a parar, percebe que poderia ter interrompido a corrida antes. Que por sorte ainda pode encontrar as belezas do caminho que percorreu sem prestar atenção. E por mais sorte ainda, entender que o sucesso que a gente tanto busca, de nada vale se não pudermos compartilhar com quem nos ajudou durante todo esse trajeto.
Por isso eu te convido a retomar, de tempos em tempos, este texto cheio de clichês, mas também repleto de sentimentos e verdades. Feito de palavras que estavam engasgadas e que hoje saíram, depois de tanta tragédia que a gente viveu e no finalzinho de um Setembro Amarelo que tenta ajudar quem já desistiu há muito tempo dessa competição maluca que é a vida.
Meu desejo nessa parada para refletir, é que você perceba comigo que Deus não ajuda quem cedo madruga, mas sim, quem acorda antes para o entendimento de que quem corre mais, na verdade, é o primeiro a perder.